Data: 10-04-2012
Criterio: A4bcd
Avaliador: Tainan Messina
Revisor: Miguel d'Avila de Moraes
Analista(s) de Dados: CNCFlora
Analista(s) SIG:
Especialista(s):
Justificativa
A espécie tem valor econômico extremamente alto, tendo sido considerada a melhor madeira do Brasil para construção civil e fabricação de móveis finos e instrumentos musicais. Apesar de amplamente distribuída pelo país, Dalbergia nigra é considerada rara em floresta primária. É com frequência encontrada em áreas com algum nível de perturbação, onde há estimativas de 28 ind/ha, mas geralmente estes não são de grande porte e a madeira é de qualidade inferior. Além disso, estudos conduzidos mostram que a fragmentação das subpopulações e do hábitat está diminuindo a diversidade genética da espécie. A extração de sua madeira no passado foi muito intensa e estima-se que pelo menos 30% da população da espécie tenham sido perdidos. Uma redução populacional de 30% pode ser projetada caso o declínio do tamanho e da qualidade do seu hábitat não seja refreado. Além disso, a extração ilegal da madeira é uma realidade, principalmente de raros indivíduos de grande porte remanescentes em áreas de floresta primária, e para que a espécie possa restabelecer sua população será necessário o controle das suas áreas de ocorrência, assim como estudos que comprovem a variabilidade genética da população.
Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.
Nome válido: Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth.;
Família: Fabaceae
Sinônimos:
Apresenta ampla variação de densidade populacional. Estimou-se a média da densidade populacional em 28 ind. por hectare, em suas áreas de ocorrência. No sul da Bahia, a região central da distribuição de D. nigra, a espécie foi encontrada com frequência de 0,8 ind./ha, correspondendo ao volume de 1,4 m³/ha (Mattos Filho; Rizzini, 1968). Em outros Estados, D. nigra foi amostrada em alguns levantamentos fitossociológicos, e geralmente apresentam baixos valores de densidade relativa (0,14-3,25%; Lopes et al., 2002; Carvalho et al., 2007; Marangon et al., 2007). A densidade relativa mais alta foi encontrada em uma floresta com 60 anos de regeneração (10,49%; Spolidoro, 2001). D. nigra quase sempre apresenta valores de densidade mais determinantes para sua posição fitossociológica do que seus valores de dominância. Isto significa que em geral a espécie é encontrada nos levantamentos mas dificilmente encontra-se indivíduos grandes. Araújo et al. (2006) encontrou uma subpopulação de D. nigra como uma das mais abundantes colonizadoras de áreas degradadas por mineração. O inventário florestal de Minas Gerais (http://inventarioflorestal.meioambiente.mg.gov.br) revela ocorrência de subpopulações em fragmentos de floresta semidecídua (município/área do fragmento em hectare/indivíduos por hectare): Jequitinhonha/824,1/3,6 Teófilo Otoni/78,86/8 Águas Formosas/20,59/11 Nanuque/311,1/6 Frei Gaspar/141,9/9 Conselheiro Pena/108,5/18 Capelinha/118/75 São João Evangelista/80,5/7,69 São Gonçalo do Rio Preto/180,2/1,33 Timóteo/39.710/4,83 Ipanema/123,3/127,5 Diogo de Vasconcelos/928,2/39,5 Piranga/40,2/22,14 Juiz de Fora/327,5/10 Rio Pomba/34,51/141 Carandaí/93,33/2,67 Morro do Pilar/50,37/28.
O "jacarandá-da-Bahia" (Dalbergia nigra) é uma árvore endêmica da Floresta Atlântica do Brasil, distribuindo-se pelo Nordeste (Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro), Sul (Paraná) (Lima, 2012) e Ceará (Oliveira-Filho, 2010). A amplitude altitudinal é de 30 a 1700 m (Carvalho, 2003). Carvalho (1997) indica que D. nigra ocorre principalmente do Sul da Bahia ao Norte de São Paulo, onde é encontrada na floresta ombrófila densa. Em Minas Gerais, ocorre na floresta semidecídua.
Árvore ca. 25 m alt. (Oliveira Filho, 2010), 15 a 45 cm de DAP, podendo atingir excepcionalmente até 35 m de altura e 155 cm de DAP, na idade adulta (Leão; Vinha, 1975). Floresta pluvial, semidecídua e nebular anã (Oliveira Filho, 2010). Também pode ser encontrada em cabruca, pastagem, área degradada em regeneração (Lewis, 1987; Araújo et al., 2006). Sementes de D. nigra são insensíveis à luz, ou seja, não precisam de luz para germinarem, e as taxas de germinação em laboratório são altas (90% a 20-30ºC) (Ferraz-Grande; Takaki, 2001). A espécie é hábil para estabelecer simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio (Barberi et al., 1998).
1.3.3 Wood
Incidência
local
Severidade
very high
Detalhes
Ribeiro et al. (2011) conduziram um estudo genético com 19 subpopulações distribuídas ao longo da extensão geográfica de D. nigra, e mostrou que subpopulações pequenas, fragmentos pequenos tem uma diversidade genética menor do que em áreas maiores, em reservas preservadas. D. nigra é considerada a mais valiosa espécie madeireira do Brasil (Carvalho, 2003), a qualidade de sua madeira tem mercado internacional (Lorenzi, 2002, Carvalho, 2003). Carvalho (1997) indicou que a espécie é muito rara devido à destruição do habitat e exploração da madeira e por isto foi a primeira árvore a constar da lista da CITES (1992).
4.4.1 Identification of new protected areas
Situação: needed
Observações: Ribeiro et al. (2011) destaca que subpopulações em áreas não protegidas do nordeste de Minas Gerais contribui significativamente para a diversidade genética da espécie. Portanto, a implementação de áreas protegidas nesta região (Nordeste de Minas Gerais) pode ser de grande interesse para conservação. Ribeiro et al. (2011) também reconhecem três grupos filogeográficos dentro da distribuição de D. nigra, e sugerem que grandes florestas preservadas remanescentes podem ser identificada e legalmente protegidas dentro de cada grupo.
1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: VIII - Proibida a exportação de "jacaranda-da-bahia" (Dalbergia nigra), enquanto estiver listada no Apêndice I da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção - CITES, exceto para os estoques registrados no IBAMA, de acordo com a pré-convenção CITES datado de 11.06.92. (IBAMA, 1996).
4.4 Protected areas
Situação: on going
Observações: Encontrada nas seguintes unidades de conservação (SNUC): Reserva Florestal da Vale do Rio Doce, Linhares-ES; Estação Ecológica de Caratinga, Caratinga-MG; Parque Estadual do Rio Doce, Marliéria-MG (Biodiversitas, 2005). Ainda com registros no Parque Estadual do Ibitipoca e a Reserva Biológica do Poço D'Antas (MG), a Reserva Biológica do Tinguá (RJ) e no Parque Nacional da Bocaina.
4.2 Restoration
Situação: needed
Observações: Potencial para recuperação de áreas degradadas, agindo como facilitadoras e cultivo para paisagismo. É também importante a menção de que D. nigra tem altas taxas de germinação, com capacidade para colonização de áreas degradadas e nodulação de bactérias fixadoras de nitrogênio sendo indicada para ser usada em projetos de restauração florestal. D. nigra é também comumente cultivada em parques, áreas urbanas e estações experimentais (Carvalho, 1997).
1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: "Vulnerável" (VU) segundo a Lista vermelha da flora de Minas Gerais (COPAM-MG, 1997).
1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Lista vermelha da flora de São Paulo (SEMA-SP, 2004)
1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: Lista vermelha da flora do Brasil (MMA, 2008), anexo 1. Considerada "Vulnerável" (VU) pela avaliação da Biodiversitas (2005).
1.2.1.1 International level
Situação: on going
Observações: "Vulnerável" (VU) segundo a Lista vermelha da IUCN (2011), avaliação de 1998.
1.2.1.1 International level
Situação: on going
Observações: Incluída no Anexo I da CITES (1992).
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Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Dalbergia nigra
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Última edição por CNCFlora em 10/04/2012 - 14:24:01